O poeta está vivo

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Abrem-se as cortinas
Acendem-se luzes e em meio aos gritos da multidão ele surge num foco central.
Seus olhos estão fundos e tristonhos.
Seus cabelos já não tem mais caracóis e sem força são abraçados pela bandana, sua atual marca registrada.
Vestido de branco ele está impecavelmente limpo.
Olhando a multidão que saiu de casa para vê-lo ele sorri e se sente amado.
Por quase um segundo a dor das internações, as picadas de agulha, os efeitos colaterais e principalmente o preconceito desaparecem.
Diante de seus súditos ele sente-se novamente um barão.
Eternamente vermelho, eternamente doidão.

Uma explosão de emoções encontram-se em sua atmosfera.
E então surgem os primeiras acordes, profundos e intensos como picadas de inseto.
Ele está de volta...
Viu a cara da morte e ela estava viva.
Em seu rosto já não há mais a sombra do abismo que quase o levou.
Ao soltar a voz ele sente as vibrações do grande coral que em uníssono o acompanha em cada sílaba da canção.
De repente flashes começam a lembrá-lo de sua intensa vida.
A emoção produz lágrimas em seus olhos que instantaneamente lhe correm o rosto.
Ele está de volta...
Mostrando sua cara, vivendo sua ideologia...
Lá está ele no umbigo de um furacão, matando a sede na saliva.
Dizendo segredos de liquidificador...

"Já nem sei quanto tempo faz
Ele foi como quem se distrai
Viu na cor de um som a cor que atrai
Foi num solo que não volta atrás"
Pegou um trem pras estrelas e foi se jogar aos pés dos anjos
Ele é um exagerado.
Um anjo caído.
Ou uma simples ficção.
Ele continua a brilhar apesar de tanta barbaridade e tudo o que passou não o faz sofrer pois faz parte do seu show.

Uma singela homenagem ao poeta exagerado, Agenor de Miranda Araújo Neto, codinome Cazuza!

De volta ao começo

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008


Olhando dentro de si ele reflete sobre o tempo
O tempo senhor da verdade...
O tempo que passa e nada apaga...
As ondas à beira-mar molham levemente seus pés
Braços abertos frente ao horizonte
A brisa beija-lhe suavemente
Luzes explodem como estandartes
Gritos, Sussurros, Beijos e afins, gente que comemora o que passou...
Olhando as estrelas ele pensa: Estou ficando velho
Instantaneamente o medo se apodera de seu corpo!
Será que ainda tenho tempo? Ele pensa...
Será que eu vou chegar ao fim de mais um calendário?
Até que ponto a crise mundial não me atingirá?
Até quando eu terei emprego?
ATÉ QUANDO???!!!

A noite está linda
Luzes clareiam o céu como o clarão da aurora
Os fogos de artifício brilham nas retinas entusiasmadas
Pessoas vestidas de branco, igrejas cheias, festas, comemorações
Mais um ano que se passa, e outro ano que nasce.
Quanto riso, quanta alegria
Será que ninguém me vê?
Olhando para o lado ele vê os olhos da criança que lhe segura a mão
Olhinhos tão inocentes e ao mesmo tempo tão verdadeiros
Olhos profundos e ao mesmo tempo reveladores
Olhos que gritam-lhe
"Calma, levante a cabeça, dê a volta por cima!
Vista-se de sua couraça de valente, vista-se de sua estola de bravura...
Você ainda tem valor!!!
Pode o mundo acabar ao seu redor, você continua vivo
VIVO!!!!

Olhando dentro de si ele pensa
Está na hora de voltar...
De volta ao começo.