Abrem-se as cortinas
Acendem-se luzes e em meio aos gritos da multidão ele surge num foco central.
Seus olhos estão fundos e tristonhos.
Seus cabelos já não tem mais caracóis e sem força são abraçados pela bandana, sua atual marca registrada.
Vestido de branco ele está impecavelmente limpo.
Olhando a multidão que saiu de casa para vê-lo ele sorri e se sente amado.
Por quase um segundo a dor das internações, as picadas de agulha, os efeitos colaterais e principalmente o preconceito desaparecem.
Diante de seus súditos ele sente-se novamente um barão.
Eternamente vermelho, eternamente doidão.
Uma explosão de emoções encontram-se em sua atmosfera.
E então surgem os primeiras acordes, profundos e intensos como picadas de inseto.
Ele está de volta...
Viu a cara da morte e ela estava viva.
Em seu rosto já não há mais a sombra do abismo que quase o levou.
Ao soltar a voz ele sente as vibrações do grande coral que em uníssono o acompanha em cada sílaba da canção.
De repente flashes começam a lembrá-lo de sua intensa vida.
A emoção produz lágrimas em seus olhos que instantaneamente lhe correm o rosto.
Ele está de volta...
Mostrando sua cara, vivendo sua ideologia...
Lá está ele no umbigo de um furacão, matando a sede na saliva.
Dizendo segredos de liquidificador...
"Já nem sei quanto tempo faz
Ele foi como quem se distrai
Viu na cor de um som a cor que atrai
Foi num solo que não volta atrás"
Pegou um trem pras estrelas e foi se jogar aos pés dos anjos
Ele é um exagerado.
Um anjo caído.
Ou uma simples ficção.
Ele continua a brilhar apesar de tanta barbaridade e tudo o que passou não o faz sofrer pois faz parte do seu show.
Uma singela homenagem ao poeta exagerado, Agenor de Miranda Araújo Neto, codinome Cazuza!
O poeta está vivo
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008Postado por Anderson "Dudu" Candido às 11:29 3 comentários
Marcadores: Cazuza, Homenagem, Recordação
De volta ao começo
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Olhando dentro de si ele reflete sobre o tempo
O tempo senhor da verdade...
O tempo que passa e nada apaga...
As ondas à beira-mar molham levemente seus pés
Braços abertos frente ao horizonte
A brisa beija-lhe suavemente
Luzes explodem como estandartes
Gritos, Sussurros, Beijos e afins, gente que comemora o que passou...
Olhando as estrelas ele pensa: Estou ficando velho
Instantaneamente o medo se apodera de seu corpo!
Será que ainda tenho tempo? Ele pensa...
Será que eu vou chegar ao fim de mais um calendário?
Até que ponto a crise mundial não me atingirá?
Até quando eu terei emprego?
ATÉ QUANDO???!!!
A noite está linda
Luzes clareiam o céu como o clarão da aurora
Os fogos de artifício brilham nas retinas entusiasmadas
Pessoas vestidas de branco, igrejas cheias, festas, comemorações
Mais um ano que se passa, e outro ano que nasce.
Quanto riso, quanta alegria
Será que ninguém me vê?
Olhando para o lado ele vê os olhos da criança que lhe segura a mão
Olhinhos tão inocentes e ao mesmo tempo tão verdadeiros
Olhos profundos e ao mesmo tempo reveladores
Olhos que gritam-lhe
"Calma, levante a cabeça, dê a volta por cima!
Vista-se de sua couraça de valente, vista-se de sua estola de bravura...
Você ainda tem valor!!!
Pode o mundo acabar ao seu redor, você continua vivo
VIVO!!!!
Olhando dentro de si ele pensa
Está na hora de voltar...
De volta ao começo.
Postado por Anderson "Dudu" Candido às 08:31 1 comentários
Marcadores: Auto-Ajuda, Conto, poesia
Simples feito o amanhã
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
Sentada junto à janela, olhando a chuva que cai sem cessar, ela pensa.
Horas correm enquanto lágrimas caminham lentamente em sua face.
Seu rosto já não é belo como antes, ela percebe ao tocá-lo enquanto o enxuga.
Seu cabelo já não tem o mesmo brilho.
Seus olhos agora a enganam e aquilo que outrora fora lindo ficou pra trás.
O tempo levou...
O ritmo de suas memórias ainda é intenso;
Mas a cada lembrança um soco subconciente a acerta tal qual faria um pugilista.
Memórias...
Imagens...
Pais, filhos, netos, sobrinhos, irmãos, irmãs, namorados, marido, crianças, imagens de um tempo em que tudo era flores.
Flores hoje acinzentadas, cicatrizes já esquecidas.
Sentado junto à janela ele vê o sol nascer.
Algo comum pra quem não consegue dormir.
A insônia, vilã dos que se cansam é sua companheira das madrugadas
E enquanto todos se preparam para um novo dia ele simplesmente deseja dormir.
Mas quem consegue dormir com a cabeça a estourar?
Por entre o vidro da janela ele vê um sofrido Cristo de braços abertos frente ao mar.
Imagens de pessoas em alvoroço a correr e a gritar...
Dores tomam-lhe o corpo, rápidas e quentes como uma bala
E enquanto o fim não chega ele sente mais uma vez o cheiro da bruma.
Ouve-se o mar, sente-se o orvalho da manhã.
Mais uma vez o Cristo parece estar lhe observando, mas se o Cristo pode ver por que é que seus olhos estão tristes?
Agora ele se lembra por que foi parar naquele lugar,
Aquele não era seu lar
Essa não era sua cadeira
Aquela não era sua barba
Aquela não era sua roupa
Onde foram os amigos?
Cadê as garotas?
Os sorrisos, a música, a grana???
Um gesto e um estouro
E a bruma leva aquilo que era definitivo feito tatuagem.
Sentada junto à janela ela se desprende de suas lembranças e vê o jovem do outro lado do quarto que parece em desespero.
A única coisa que ela vê agora são as sequelas e a tristeza naqueles olhos.
E não vê quando o fim aparece em sua frente simples feito o amanhã.
Postado por Anderson "Dudu" Candido às 17:33 1 comentários
Marcadores: dor, poesia, subconciente
Quem sou eu
- Anderson "Dudu" Candido
- Anderson Candido é um cara apaixonado pela vida. Cinegrafista e Músico nas horas vagas (ou será o contrário?) faz da vida uma escola e radicaliza em tudo o que faz. Sempre bem humorado e de bem com a vida seu lema é viver um dia de cada vez e fazer de cada dia como se fosse o último. "Acredito que só se vive uma vez e no final o que fica é aquilo que fizemos em nossa curta passagem por aqui."